sábado, 31 de dezembro de 2016

A namorada nova do Juninho

 



Terra, ano 2354.

-Senta aqui precisamos conversar. Fala ele à esposa, enquanto prepara um baseado para os dois. Prende, põe na cigarreira elétrica, traga, curte a brisa e passa para ela dizendo:

- Você tem que ser menos rígida com ele,  o quer por perto mas vai acabar fazendo com que ele se sinta castrado e não vai demorar nada até que se aliste em uma missão de exploração a buracos negros.

Ela responde após dois tragos e nenhuma devolução do cigarro: - Nossa como você é dramático, depois eu que preciso ser menos pessimista.

- Querida, são só quatro meses de férias, ele pode ir com a nossa nave, ela não é nova mas aguenta a viagem. Desde o fim da Guerra não houveram mais acidentes, não vai acontecer nada demais.

- Não me preocupo com acidentes, você sabe (fala ela finalmente dividindo a erva com o esposo), eu é que não vou com a cara daquela menina verde.

- Amor, não fale assim, se já existisse um tribunal interplanetário você com certeza seria processada.

Ela levanta vai até a janela e começa a chorar.

– Eu sei que é bobagem minha, mas não consigo me acostumar com a ideia do meu filho copulando com uma marciana, ainda mais bem longe da nossa casa. É provável que esses seres do espaço nem tenham barreiras contraceptivas instaladas via Wifi... Aiiii, eu não quero uma “coisinha de Marte” me chamando de vovó. Por que ele não pode ser como a irmã, que namora alguém da Terra?  Ela e a Júlia fazem um casal tão lindo.

-Querida, o Júnior sempre gostou mais de sair do lugar comum, lembra quando ele era criança e foi pego contrabandeando queijo? (Risos).  Passa o baseado.

- E você ainda rir! O filho da vizinha começou com queijo e depois acabou expulso do Continente por tráfico de carne vermelha, sem falar na quantidade de artérias entupidas. Pegue, mas deixe o último trago pra mim.

-Você não vai poder agir assim pra sempre, Meu bem, já tivemos a idade dele, deixe o garoto viver... Ele faz bem de querer sair daqui afinal, desde que um dos sóis artificiais parou de funcionar, a crise só piora. Tome esse cigarro, eu  não quero mais fumar, preciso de algo mais forte. Sobraram cogumelos?

-Estão na gaveta.  Tudo bem ele pode ir, mas teremos que realizar vasectomia, não quero correr riscos.

Nessa hora Juninho entra em casa, com um cachimbo na boca. Fala o pai:

- Garotão, eu e sua mãe conversamos e amanhã irei levar a nave pra fazer uns reparos, assim você poderá viajar logo no seu primeiro dia de férias.

-Não vai ser preciso pai. Eu terminei o namoro com a Kiki. Vou entrar para uma religião, que um amigo da escola está fundando.



- Ah, tudo bem... Como assim religião???